O colapso do Banco Espírito Santo (BES) no Verão de 2014 provocou uma forte desvalorização dos seus activos, inclusivamente, no estrangeiro, tendo o presidente do “bad bank” revelado que a participação no BES Angola (BESA) vale agora zero euros.
“A posição do BES no BESA [Banco Espírito Santo Angola], que tinha um valor de 273 milhões de euros, vale hoje zero”, disse Luís Máximo dos Santos durante a sua audição na comissão de inquérito parlamentar ao caso BES/Grupo Espírito Santo (GES).
O responsável realçou que “a erosão do valor [do BES] também se repercutiu nas filiais, como não podia deixar de ser”, sublinhando que nalguns casos tal se deveu a situações próprias, como na Líbia, e noutras por reflectirem os problemas da casa-mãe.
Mas desvalorizou a dimensão do fenómeno: “Não demos nota de que houvesse uma desvalorização muito grande” em termos do valor das participações do BES nas suas filiais no estrangeiro.
Máximo dos Santos avançou com o exemplo do banco líbio Aman Bank, frisando que a participação do BES foi comprada por 40 milhões de euros, valor que desceu depois da existência de imparidades, pelo que está agora avaliada em 22 milhões de euros. Já a posição no Espírito Santo Bank, em Miami, nos EUA, está avaliada em 15 milhões de euros.
“No banco de Miami houve necessidade de, no pico da crise, quando os clientes iam retirar activos, reduzir a carteira de crédito”, especificou.
Perante as sucessivas questões que lhe iam sendo colocadas sobre o valor das participações que ficaram na carteira de activos do BES (“bad bank”), Máximo dos Santos preferiu fechar o jogo.
“Estamos em negociações com parceiros por isso não é indicado estar a dar aqui uma informação tão ampla sobre a situação concreta”, lançou, referindo-se ao processo de venda da entidade que foi lançado no final do ano passado.
Em Agosto, o Banco de Portugal decidiu aplicar uma medida de resolução no então Banco Espírito Santo (BES), dividindo a entidade em duas.
No chamado banco mau (“bad bank”), um veículo que mantém o nome BES, ficaram concentrados os activos e passivos tóxicos do BES, assim como os accionistas.
No “banco bom”, o banco de transição que foi chamado de Novo Banco, ficaram os activos e passivos considerados não problemáticos.